quinta-feira, 17 de abril de 2008

Faxina Sideral

Estou varrendo e pensando.
Varrer e pensar é mais trabalhoso que apenas varrer
Ou apenas pensar
Ai, continuo a varrer, pensando que estou limpando a poeira dos outros que aqui pisaram
Mas a poeira trazida pelos outros nada se compara a minha própria poeira.
Poeira maldosa que se esconde em cantos inimagináveis
Finge ser invisível mas existe com toda sua abundancia reprodutiva
Deveria eu, chamar a moça? Aquela que se diz profissional no quesito : extermínio da espécie?
Ou então pedir ajuda ao Todo Poderoso? hmm, acho pouco provável pois
desconfio que minha poeira não é nada divina
Então viro as costas e fecho a porta. Porque se não sair,também não vai entrar.
Alívio temporário é o estado em que me encontro. Mas meu tormento volta assim que me deparo com a maldita.
Não estou pronta para aceitar a poeira no mundo de meu quarto, por isso, pego uma substância pra disfarçar meu conflito.
Poeira imortal que nada sente!
Meu efeito disfarçado vai passar mas, a poeira não.
Então, vamos bater de frente pois somos contrárias,eu e você.
Estou aflita. O pequeno pedaço de pó acumulado nunca pareceu tão grande e intacto.
Ele repousa num determinado espaço crescendo e aumentando de volume
Então voltei ao meu estagio inicial. Continuei a varrer
Vi a poeira velha,gorda,formando bolos de seu conteúdo no meu chão.
Eu me conscientizei que estava apenas me livrando do velho. Brevemente poeiras disfarçadas e novatas se aproximariam para ocupar seu lugar no mundo de uma maneira sonsa e discreta que só elas sabem fazer. Ocupariam assim meus cantos me fazendo sufocar.
E assim a vida se segue.
Vamos combatendo a poeira para no final,depois de muito cansados, nos tornarmos parte dela. Quando nossa limpeza se conclui,depois de passarmos a vida inteira varrendo a poeira do mundo,a gente termina e ai chega a nossa vez de virar poeira...
Poeira do espaço.

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